quarta-feira, 8 de setembro de 2010

Voz aos poetas!















A CASA DA AREIA

Face ao mar, orgulhosa no topo do areal,
só madeira e zinco sobre pilares de cimento
ao sabor dos quatro ventos. O quintal
das traseiras sempre uma festa, frango
no churrasco, alegria nos copos. Depois

a Isilda casaria com o Freitas,
a Ermelinda ia ficar para tia
e o Horácio dava em droga.
O Neca, o Tino e o Mando foram
à vida, cada qual para seu lado.

Na velha casa virada à baía,
além do ranger da madeira
batida pelo vento e a areia
apenas ficaram a avó Carminda
e a velha cadela "Deixa-falar".

RUI KNOPFLI
Moçambique

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