Broa de Avintes com origens em Moçambique
Mikate é um pão produzido e consumido em Moçambique desde o século XVI e poderá ser a origem da Broa de Avintes. A ideia é do ex-cônsul honorário de Moçambique no Porto, Augusto Macedo Pinto, que investigou o pão consumido na freguesia de Avintes.
O ex-cônsul honorário de Moçambique no Porto, Augusto Macedo Pinto, investigou as origens da Broa de Avintes e concluiu que há uma «pista» importante que aponta para a existência de Mikate em Moçambique no final do século XVI, quando o milho ainda era pouco vulgarizado em Portugal continental.
«No livro ‘Ethiopia Oriental’, Frei João Santos refere que chegou a Sofala, Moçambique, em 13 de Agosto de 1586 e ficou a conhecer um pão a que chamou ‘Mocates’», afirmou Macedo Pinto.
O livro foi escrito quando Portugal estava sob o domínio espanhol, na dinastia dos três reis Filipe (1580-1640), mas Frei João Santos dedicou-o, em 1609, ao marquês D. Duarte, bisneto do rei D. Manuel e do duque de Bragança, D. Jaime.
«Acredito perfeitamente que a Broa de Avintes tenha vindo de lá para cá. Com quase certeza científica, pode-se dizer que a origem não é de Portugal, porque ainda não havia cá milho», salientou Macedo Pinto, afirmando que este cereal só começou a ser cultivado no país «depois do século XVII».
Contudo, a introdução do milho em Portugal tem sido atribuída por diferentes historiadores ao início ou a meados do século XVI, na época dos Descobrimentos, o que contraria a tese de Macedo Pinto.
Na série de selos que os CTT dedicaram em 2009 ao pão tradicional português, é referido que o milho foi «introduzido em Portugal entre 1515 e 1525».
O também advogado portuense, fundador da Associação Portugal Moçambique, realçou que o aspecto e o sabor da Broa de Avintes e do Mikate são muito semelhantes, pelo que este tipo de pão poderia funcionar como «um grande fio condutor da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa».
«Só me falta saber se Timor-Leste e o Brasil têm Mikate», disse, reconhecendo, contudo, que há diferenças nos ingredientes utilizados nos diferentes países, porque em Tete e na Zambézia, por exemplo, este pão é feito com farinha de ameixoeira.
Na sua investigação, Macedo Pinto visitou em 1995 uma família que continua a produzir Broa de Avintes na freguesia do concelho de Gaia que dá nome ao pão.
A família é conhecida como «As Quelimanes», nome que alude à capital da província da Zambézia, mas não sabe, contudo, a origem da alcunha, admitindo que possa ser por terem carapinha ou por alguma antepassada ter vendido bananas de Quelimane, e não por fazerem pão de Moçambique.
«A base do Mikate da Zambézia e de Tete é muito semelhante à da Broa de Avintes», disse Macedo Pinto, adiantando que se prepara para fazer uma experiência, colocando «à socapa» pedaços de Broa de Avintes numa mesa da Festa de Quelimane marcada para 20 de Agosto em Maputo.
«Toda a gente vai dizer que é Mikate», previu Macedo Pinto, que já lançou no seu blog um desafio para que seja criada uma «Associação Mikate Broa de Avintes».
O presidente da Confraria da Broa de Avintes, criada em 1997, Joaquim Costa Gomes, disse que nunca provou Mikate, mas descartou de imediato a possibilidade de este pão estar na origem da especialidade de Gaia.
«Não acredito que haja essa semelhança. Há muitas contrafacções, mas a Broa de Avintes é inconfundível», afirmou, sem contudo precisar quando e como surgiu este pão, que teve o seu auge de consumo no século XVIII.
Joaquim Costa Gomes referiu que a Broa de Avintes é feita com «três partes de milho e uma de centeio», cereal que lhe dá a cor escura e que supõe que nem sequer se cultiva em Moçambique.
O presidente da confraria disse que uma forma de se saber se a Broa de Avintes é genuína ou não é parti-la ao meio três dias depois de ter sido feita, porque «tem de estar húmida».
«No livro ‘Ethiopia Oriental’, Frei João Santos refere que chegou a Sofala, Moçambique, em 13 de Agosto de 1586 e ficou a conhecer um pão a que chamou ‘Mocates’», afirmou Macedo Pinto.
O livro foi escrito quando Portugal estava sob o domínio espanhol, na dinastia dos três reis Filipe (1580-1640), mas Frei João Santos dedicou-o, em 1609, ao marquês D. Duarte, bisneto do rei D. Manuel e do duque de Bragança, D. Jaime.
«Acredito perfeitamente que a Broa de Avintes tenha vindo de lá para cá. Com quase certeza científica, pode-se dizer que a origem não é de Portugal, porque ainda não havia cá milho», salientou Macedo Pinto, afirmando que este cereal só começou a ser cultivado no país «depois do século XVII».
Contudo, a introdução do milho em Portugal tem sido atribuída por diferentes historiadores ao início ou a meados do século XVI, na época dos Descobrimentos, o que contraria a tese de Macedo Pinto.
Na série de selos que os CTT dedicaram em 2009 ao pão tradicional português, é referido que o milho foi «introduzido em Portugal entre 1515 e 1525».
O também advogado portuense, fundador da Associação Portugal Moçambique, realçou que o aspecto e o sabor da Broa de Avintes e do Mikate são muito semelhantes, pelo que este tipo de pão poderia funcionar como «um grande fio condutor da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa».
«Só me falta saber se Timor-Leste e o Brasil têm Mikate», disse, reconhecendo, contudo, que há diferenças nos ingredientes utilizados nos diferentes países, porque em Tete e na Zambézia, por exemplo, este pão é feito com farinha de ameixoeira.
Na sua investigação, Macedo Pinto visitou em 1995 uma família que continua a produzir Broa de Avintes na freguesia do concelho de Gaia que dá nome ao pão.
A família é conhecida como «As Quelimanes», nome que alude à capital da província da Zambézia, mas não sabe, contudo, a origem da alcunha, admitindo que possa ser por terem carapinha ou por alguma antepassada ter vendido bananas de Quelimane, e não por fazerem pão de Moçambique.
«A base do Mikate da Zambézia e de Tete é muito semelhante à da Broa de Avintes», disse Macedo Pinto, adiantando que se prepara para fazer uma experiência, colocando «à socapa» pedaços de Broa de Avintes numa mesa da Festa de Quelimane marcada para 20 de Agosto em Maputo.
«Toda a gente vai dizer que é Mikate», previu Macedo Pinto, que já lançou no seu blog um desafio para que seja criada uma «Associação Mikate Broa de Avintes».
O presidente da Confraria da Broa de Avintes, criada em 1997, Joaquim Costa Gomes, disse que nunca provou Mikate, mas descartou de imediato a possibilidade de este pão estar na origem da especialidade de Gaia.
«Não acredito que haja essa semelhança. Há muitas contrafacções, mas a Broa de Avintes é inconfundível», afirmou, sem contudo precisar quando e como surgiu este pão, que teve o seu auge de consumo no século XVIII.
Joaquim Costa Gomes referiu que a Broa de Avintes é feita com «três partes de milho e uma de centeio», cereal que lhe dá a cor escura e que supõe que nem sequer se cultiva em Moçambique.
O presidente da confraria disse que uma forma de se saber se a Broa de Avintes é genuína ou não é parti-la ao meio três dias depois de ter sido feita, porque «tem de estar húmida».
Daqui: http://www.cafeportugal.net/
Definitivamente...não!
ResponderExcluirBroa ou pão de Avintes nada tem a ver com micate. Este é um bolo de sabor e aspeto parecido com a nossa bola de Berlim sem creme mas mais achatada. Tive a felicidade de os degustar em criança, comprados em Moçambique a vendedoras ambulantes que os transportavam em grandes tabuleiros em cima da cabeça. Tenho tentado obter a sua receita para os reproduzir mas infelizmente sem sucesso...
Grato pelo seu esclarecido contributo!
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